I
O martelo de toga
bateu
A vida ali chamada bandida
rompeu
Era a juris
imprudência
que de novo se anunciou
como ciência.
Pro livro dos culpados fora João
ela escreveu
No latim-do com o qual nem ele podia
e que ninguém leu.
Era mais um sentenciado do mesmo modelo
das decisões de toda a vida
E a imprudência rápido esquecia
de todos os rostos do seu dia-a-dia
Pra resguardar para si um espelho que nada via
além do reflexo do próprio eu.
II
O estagiário julgou
O magistrado assinou
O estagiário queria absolver
O desembargador não deixou
O que a imprensa ia pensar?
Tribunal da impunidade?
Então mesmo contra a vontade
O estagiário condenou
E o “crime” de João
Sequer nas mãos de um idiota de um juiz passou
Também pudera
Era melhor o poder de decisão
Estar com quem ainda tinha coração
Paradoxo, mas a besta de toga
estudou para emburrecer ou esquecer
que ele é igualzinho João.
Pt I: vittabrevis.
Pt II: Patricia Cordeiro.