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Monthly Archives: June 2012

Soltaram seus verbos
por diversas vezes
‘Difícil conviver com o coração’, este é o sentido
E eu pensei apenas
Que difícil é conviver com uma só cabeça
Pois ela só não processa
O que várias deveriam
Enquanto eu me gritar
Em meus próprios ouvidos
O coração não há como ser fácil
E nem como ser difícil
Há de estar apenas do lado, ainda que dentro
Assim como todo o resto
Que transborda da cabeça que falta
A falta das faltas,
Este é meu verbo de agora
Enquanto eu me grito
Fica de lado o coração
E talvez o que mais preciso.

“El Baile de la Victoria” (A dançarina e o Ladrão), Fernando Trueba, 2009.

E é assim que me ensinei

Sofro o toque que vem de movimentos errados

Em meio aos ensaios tantos, calos e tropeços

Aqui estou eu, parado, e digo:

‘Espero! Sim’

Traga todas as lições, eu preciso absorver

Em mãos após mãos, encontrar

Corri os olhos em tudo, ainda que pouco,

Mas em lugar algum senti um me deixar

Perguntei:

Quem poderia me indicar um precipício

No qual eu poderia me despejar em real encontro?

Mais perto, mais perto do outro solo

O depois, o embaixo do mundo

Se não foi assim que me ensinei, não sei

Respostas me incomodam, dúvidas não construo

Pois discordar é descontruir, meramente

Não pretendia mesmo ver encaixes, sei

Mas nas pausas

Nos vácuos tantos entre previsões

Estilhaçam-se os escombros de dor

E nada mais há

inclusive para ser descontruído

Não pretendia ver apenas desencaixes, sei

E nestas condições, sim, espero

Que me alcances,

Que me ensines

Espero.