“Não nos precipitemos na escuridão. Convém, antes, compreender essa escuridão. Nosso entendimento é finito, ou cego, o que dá no mesmo. Não enxergamos o futuro, isso é ponto pacífico. Mas tampouco enxergamos o presente, no sentido de que temos um conhecimento limitado do que nos circunda. É fácil perder-se neste mundo que nos ultrapassa de todos os lados. Uma primeira solução parece consistir num retraimento temeroso. Se decidimos agir apenas com a condição de conhecer antecipadamente o resultado de nossa ação, nosso entendimento, não obstante finito, alcança a vontade, e a laça e aprisiona, limitando-a a só quere o que ele conhece. É uma existência bem-comportada, confortável, mas que supõe um isolamento total, a recusa de toda alteridade, de todo risco, de toda novidade, em suma, uma vida absolutamente autárquica – uma vida que se assemelha terrivelmente à morte.” (Cinefilô, p. 14, e a questão da identificação.)

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